Tema: Como organizar seus pensamentos e evitar a sobrecarga
Eu me lembro perfeitamente do dia em que percebi que a minha cabeça estava tão bagunçada quanto a caixa de brinquedos da minha filha. Acordei já cansada, pensando em tudo ao mesmo tempo: a consulta do pediatra que eu precisava marcar, o leite que faltava na geladeira, a mensagem da minha amiga que eu esqueci de responder e até o presente de aniversário da minha sogra. Foi nessa manhã caótica que entendi: minha mente também precisava de uma faxina.
Assim como a gente tira um tempinho para arrumar a casa, limpar os armários e se livrar da tralha que não serve mais, a cabeça também precisa de um processo de “destralhe” para evitar a sobrecarga. Pode parecer impossível quando se é mãe, mas acredite: existe, sim, um jeito de organizar seus pensamentos e tornar a rotina mais leve. Hoje eu quero compartilhar com você algumas estratégias que me ajudaram (e ainda ajudam!) a manter o equilíbrio mental no dia a dia.
A faxina mental que começou na cozinha
Há umas semanas, eu estava preparando o café da manhã enquanto minha filha mais velha pedia o livro de colorir e a bebê derrubava no chão tudo o que estava ao seu alcance. Tudo ao mesmo tempo. Tentei me concentrar na frigideira, mas percebi que minha cabeça disparava para outras pendências. De repente, queimei o ovo porque, na verdade, estava preocupada com um e-mail importante que eu não tinha respondido. Foi ali que caiu a ficha: eu não conseguia manter o foco em nada, pois minha mente estava entulhada de coisas para resolver.
Essa história me fez enxergar a importância de uma faxina mental. Se eu fosse comparar esse processo com algo prático, diria que é como limpar as prateleiras da cozinha: você tira tudo, avalia o que presta e o que está vencido, descarta o que não serve mais e organiza o que vai ficar. A cabeça também pode (e deve) passar por esse tipo de arrumação para que a gente consiga se sentir mais leve.
Por que isso é tão importante? Porque, quando a mente está cheia de “coisas vencidas” — preocupações desnecessárias, pensamentos negativos e cobranças infinitas —, o cansaço mental fica insuportável. E é justamente nessa sobrecarga que mora a ansiedade, a irritação constante e aquela sensação de estar sempre correndo atrás do prejuízo.
Reconhecendo os sinais de que você precisa de uma faxina mental
Antes de aprender como organizar seus pensamentos, vale dar uma olhada nos sinais que indicam a necessidade imediata de uma “limpeza”. Se você se identificar em pelo menos dois ou três desses pontos, pode apostar que está na hora de agir:
1. Falta de foco constante: Você começa a planejar o jantar e, de repente, já está pensando na reunião de pais, no trabalho da escola e até na forma de tirar manchas de canetinha do sofá… tudo ao mesmo tempo.
2. Estresse e ansiedade intermináveis: Às vezes, há uma preocupação que nem você consegue nomear. É como uma nuvem pairando sobre a cabeça o dia inteiro.
3. Procrastinação crônica: Quanto mais tarefas se acumulam, menos vontade você tem de encará-las. Isso gera um círculo vicioso, em que nada sai do lugar e a tensão aumenta.
4. Cansaço mental: Você não correu uma maratona, mas se sente exausta como se tivesse corrido uma. O cérebro não para de trabalhar, mesmo no horário de descanso.
5. Dificuldade para decidir: Até escolher o sorvete na padaria vira um dilema. Qual sabor? Pega um ou mistura dois? Leva na casquinha ou o copinho? Tudo parece complexo demais.
6. Insônia: Na hora de dormir, a mente está tão cheia que resolve montar ali uma espécie de “festa do pijama” com todas as preocupações do dia — e do dia seguinte.
Se alguma dessas situações descreve seu atual estado de espírito, respire fundo e não se preocupe: tem solução. Vamos a algumas estratégias testadas e aprovadas por muitas mães para fazer essa faxina mental.
Como organizar seus pensamentos: 9 dicas práticas
Aqui vai um passo a passo com ferramentas poderosas que podem mudar a sua rotina. O ideal é testar todas e ver com quais você se adapta melhor, afinal, cada mãe tem um estilo próprio.
Colocando tudo no papel: o poder do Journaling
O journaling não é apenas escrever um diário cheio de segredos de adolescente. É uma forma de esvaziar a mente e organizar as ideias em tópicos claros. Eu comecei a praticar journaling quando me vi atolada de compromissos e pensei: “Como vou lembrar de tudo?” A resposta foi simples: não preciso “decorar” nada, basta anotar.
Como fazer:
•Escolha um caderno bonito ou até um documento digital.
•Reserve 10 minutos diários (pode ser antes de dormir ou logo ao acordar) para escrever.
•Liste suas tarefas, registre preocupações e, se quiser, inclua três coisas pelas quais você é grata naquele dia.
Exercitando a presença: Mindfulness
O mindfulness propõe viver o “agora” sem a interferência de pensamentos sobre o passado ou o futuro. É um desafio e tanto, especialmente para mães que precisam pensar, literalmente, em tudo o tempo todo. Mas não precisa virar monja para praticar:
Como fazer:
•Pare por 5 minutos e concentre-se na sua respiração.
•Cada vez que um pensamento aparecer, reconheça-o e volte a atenção para a respiração.
•Tente aplicar isso em atividades diárias, como lavar a louça ou tomar banho — ou seja, sinta a água, perceba as sensações, ouça os sons ao redor.
Planejamento e prioridades: nem tudo é urgente
Muitas vezes, somos vítimas do famoso “tudo é para ontem!”. Mas será que é mesmo? Nem sempre. Aprender como organizar seus pensamentos passa por entender o que é realmente urgente e o que pode esperar.
Dicas:
•Use ferramentas de planejamento, como aplicativos de celular ou planilhas.
•Faça uma lista das tarefas do dia ou da semana.
•Classifique cada tarefa em: Urgente, Importante e Opcional.
•Resista à tentação de rotular tudo como urgente.
•Delegue quando possível: se o seu parceiro ou outra pessoa puder resolver, aceite ajuda.
Faxina digital: reduza o caos no celular e no computador
Não dá para falar em organização de pensamentos sem incluir o nosso mundo digital. Notificações de redes sociais, grupos de WhatsApp, e-mails intermináveis… Tudo isso drena energia mental.
Passos para a faxina digital:
•Reserve um dia para limpar sua caixa de entrada de e-mails. Organize-os em pastas como “Pessoal”, “Trabalho” e “Família”.
•Silencie grupos de mensagens que não demandam atenção imediata.
•Desative notificações de aplicativos que não são vitais.
•Pare de seguir páginas que só geram estresse ou comparações negativas.
•Defina horários específicos para checar redes sociais e e-mails.
Estabelecer limites: dizer “não” sem culpa
Uma das maiores causas de sobrecarga mental é aceitar mais do que conseguimos dar conta. Aprender a dizer “não” é fundamental.
Por que dizer “não”:
•Protege sua saúde mental.
•Evita compromissos desnecessários.
•Dá espaço para aquilo que é realmente importante.
Minimalismo mental: focar no essencial
O minimalismo mental é sobre selecionar os pensamentos e preocupações que realmente importam, abrindo mão dos excessos. Isso não significa ignorar problemas, mas filtrar o que é supérfluo ou não está ao seu alcance resolver.
Como aplicar:
•Liste seus principais objetivos (pessoais, familiares e profissionais).
•Quando um pensamento negativo ou irrelevante surgir, pergunte-se: “Isso me ajuda a alcançar meus objetivos ou apenas me distrai?”
•Mantenha-se consciente do que você pode controlar e do que não está ao seu alcance.
Autocuidado: reserve um tempo para você
Você deve estar pensando: “Mas eu já não tenho tempo para nada, como vou cuidar de mim?” É aí que está o segredo: justamente porque você não tem tempo é que precisa reservar uns minutinhos de autocuidado.
Ideias simples:
•Tomar um banho demorado, sem pressa, ouvindo uma música relaxante.
•Ler um capítulo de um livro que ama antes de dormir.
•Dar uma volta no quarteirão sozinha, apenas para respirar.
•Fazer alongamentos ou exercícios de respiração na sala, mesmo que por 5 minutos.
Exercício de gratidão: foco no que realmente importa
Praticar gratidão pode parecer clichê, mas faz toda a diferença na forma como encaramos os desafios. Às vezes, estamos tão imersas no caos que esquecemos as coisas boas que nos cercam.
Como praticar:
•Anote diariamente três coisas pelas quais você é grata.
•Pode ser qualquer coisa: um sorriso do seu filho, um bom dia especial, o café quentinho que te esperava de manhã.
•Releia essas anotações para reforçar a sensação de bem-estar.
Pratique a autocompaixão: você não é uma máquina
Por fim, lembre-se sempre de ter autocompaixão. É normal falhar, esquecer datas, demorar para responder mensagens. Nós não somos perfeitas — e nem precisamos ser!
Como exercitar:
•Converse consigo mesma como se fosse sua melhor amiga.
•Perdoe-se quando algo sair do controle.
•Entenda que cada fase da vida tem desafios e limitações.
Como manter a faxina mental em dia
Depois de organizar seus pensamentos, é fundamental criar uma rotina para manter essa faxina mental sempre em dia. Assim como a casa não se limpa sozinha e, de tempos em tempos, precisamos dar aquela geral, o mesmo vale para a mente.
Rotina de manutenção:
1. Revisão semanal: Reserve um momento para ver o que funcionou ou não naquela semana em termos de organização. Ajuste o que for preciso.
2. Momento de introspecção: Separe alguns minutos diários para meditar, escrever ou só respirar profundamente.
3. Selecione prioridades: Atualize a sua lista de tarefas e compromissos conforme as demandas mudam.
4. Recarregue as energias: Marque na agenda algo prazeroso para você — uma conversa com amiga, assistir uma série ou comer uma sobremesa gostosa sem culpa.
Quando buscar ajuda profissional
Às vezes, mesmo seguindo todas as dicas, ainda sentimos que a sobrecarga mental não diminui. Nessas horas, buscar ajuda de um psicólogo ou terapeuta pode ser uma opção valiosa. Um profissional pode te orientar a identificar padrões de pensamento nocivos e trazer novas ferramentas para lidar com a ansiedade ou estresse.
Não há nada de errado em admitir que precisa de um suporte extra. Aliás, reconhecer isso é um sinal de maturidade. Se você perceber que sua ansiedade está atrapalhando relacionamentos, trabalho ou bem-estar diário, considere seriamente a possibilidade de fazer terapia.
Criando uma rede de apoio
Nunca subestime o poder de uma boa rede de apoio. Pode ser formada por familiares, amigos ou até mesmo por outras mães que vivem rotina parecida. Trocar experiências, pedir ajuda e oferecer suporte mútuo faz toda a diferença.
Como começar:
•Procure grupos de mães online ou presenciais.
•Converse abertamente sobre desafios e receba sugestões.
•Combine revezamentos: enquanto uma cuida das crianças, a outra tem umas horinhas livres para descansar ou resolver pendências.
Essa colaboração em rede também contribui para a faxina mental, já que você não precisa carregar tudo sozinha. Ter alguém para desabafar ou para ficar com seus filhos por algumas horas ajuda a aliviar a sensação de sufocamento.
Transformando sobrecarga em clareza: um dia de cada vez
Ninguém consegue resolver todos os problemas de uma só vez. A faxina mental e a organização dos pensamentos são processos contínuos, que se renovam a cada fase da vida. E está tudo bem assim.
Lembro-me de que, quando minha primeira filha nasceu, eu tinha certeza de que, depois de um ano, tudo entraria nos eixos. Que engano, né? Surgiram novos desafios: fase de engatinhar, depois de andar, depois de falar, depois de ir para a escolinha… A vida é um ciclo sem fim de transformações. Por isso, o que podemos fazer é aprender a gerenciar nossas emoções e nossos pensamentos para cada nova etapa.
Se hoje você sente que sua mente está igual a um armário lotado de coisas caindo em cima de você, a boa notícia é que existe saída. Adote algumas (ou todas!) as estratégias apresentadas aqui, adapte-as à sua realidade e não se cobre perfeição. O importante é dar o primeiro passo.
Pronta para começar sua faxina mental?
Organizar a casa pode ser mais fácil do que organizar a mente, mas ambas as tarefas são possíveis — e necessárias. Fazer uma faxina mental é abrir caminho para a leveza, a clareza e a tranquilidade que tanto buscamos no dia a dia corrido de mãe.
Se você chegou até aqui, já sabe como organizar seus pensamentos e está munida de dicas valiosas para reduzir a sobrecarga. Lembre-se de que são pequenas mudanças diárias que geram grandes resultados a longo prazo.
Caso queira aprofundar ainda mais e fazer dessa jornada de autocuidado algo consistente, vale a pena conhecer o Audiocurso Imersão de Autocuidado para Mães. Afinal, quando cuidamos de nós, cuidamos melhor daqueles que amamos.
E, claro, não se esqueça: você não precisa dar conta de tudo sozinha. Permita-se dizer “não”, pedir ajuda e tirar alguns minutos só para você. O objetivo final? Uma vida onde a gente consegue sentir a brisa leve na cabeça — em vez de um furacão de tarefas e preocupações.